A história do Grupo começa no dia seis de outubro de 1958, quando o capelão da Escola de Oficiais de Infantaria de Guerra (EOIG), Padre Euvaldo de Mendonça Andrade, convida um grupo de nove jovens filhos de oficiais e suboficiais da EOIG “desejosos de abraçar o ideal do escotismo”. O escotista Darci Ollavo Welner, Comissário Regional do Paraná, indica o jovem Paulo Ari Gaio para ser o chefe daqueles primeiros escoteiros. O grupo pode nascer dentro de uma instalação militar devido ao trabalho do aviador Nero Moura, comandante do Grupo de Caça da FAB na II Guerra Mundial e ministro da Aeronáutica durante o segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954). Moura era um grande admirador do escotismo, e determinou que as unidades da FAB dessem total apoio à modalidade de escotismo do ar.
Com a orientação do chefe Gaio e o apoio do Grupo Escoteiro Jorge Frassati, esses jovens iniciam o que eles mesmo chamaram de estudos preliminares – primeiras técnicas escoteiras, sistema de patrulhas, entendimento da Lei e Promessa. No dia 14 de dezembro de 1958, o Padre Euvaldo faz o convite para os oficiais da Escola para participarem da cerimônia de Promessa dos jovens. E no dia 15 ele escreve para a Região Escoteira do Paraná pedindo o funcionamento provisório do grupo.
Assim, em 18 de dezembro de 1958, quatro escoteiros sêniores, sete escoteiros juniores e 12 lobinhos fazem a sua Promessa Escoteira e Promessa de Lobinho, marcando a data oficial de criação do Grupo Escoteiro Santos Dumont. Fomos o 20º grupo escoteiro a ser fundado no Paraná, e por isso recebemos o numeral 20. E à época só havia outros dois grupos em Curitiba, o Jorge Frassati (02/PR) e o São Luiz de Gonzaga (08/PR).
Os fundadores do GESD foram:
Sêniores
Airton Luiz de Lacerda
Ives Zinke
Orlando Souza dos Santos
Roland Contin
Escoteiros
Afonso Celso Coutinho do Nascimento
Carlos Henrique Campos Albuquerque
Cesar Tadeu Bassani
Eduardo Souza dos Santos
Moacir Richter
Paulo Celso Pamplona Silva
Sérgio Frantz
Lobinhos
Ailton Borges
Bernardo Teixeira
Cláudio Rosa
Diogenes Machado
Estevão de Mandi
Georges Benatti
Marcos Aurélio
Nilson Cavalcanti
Peninha Machado
Ricardo Luiz Tomasi
Sérgio Bosa
Thomaz (sem sobrenome no livro de registro dos fundadores do grupo)
Escotistas
Diretor de Escotismo – Padre Euvaldo de Andrade
Chefe Sênior e Escoteiro – Paulo Ari Gaio
Akelá – Aloé Morgenstern
Um dos grandes atrativos para os primeiros escoteiros do Grupo era a vida ao ar livre. Ainda que a cidade de Curitiba fosse muito diferente de como a conhecemos hoje, com menos de 350 mil habitantes e muito espaço, o fato de os jovens poderem se organizar para viver grandes aventuras era um motivador. Outro fator era a vontade dos jovens de iniciar cedo uma vida semelhante à militar. Vale lembrar que a Segunda Guerra Mundial tinha acabado há 13 anos, e muitos militares brasileiros que dela participaram eram heróis de guerra e estavam vivos. Como diz Paulo Cesar Pamplona Silva, um dos fundadores, “o escotismo me atraiu pela farda e pela disciplina militar”.
As atividades externas foram várias, já no primeiro ano de funcionamento. As patrulhas fundadoras do grupo foram a Águia e a Falcão. O primeiro acampamento de graduados aconteceu nos dias 22 e 23 de março de 1959, no Horto Florestal da Barreirinha. Em 12 e 13 de abril de 1959 aconteceu o primeiro acampamento. E nos dias 25 e 26 de abril o Grupo Escoteiro Santos Dumont participa da primeira atividade com outros Grupos, um Acampamento Distrital em Curitiba, no km 8 da antiga Estrada do Cerne, em Santa Felicidade. A Tropa Sênior conquista o conjunto do Marumby (como está registrado no livro dos primeiros anos do grupo) no feriado de Finados, em 1959. Em entre 8 e 13 de janeiro de 1960, a Patrulha Falcão, com cinco membros, participa do VII Acampamento Regional do Paraná, sendo esta a primeira atividade do Santos Dumont em nível regional.
Em 1961, no entanto, o grupo passa pela primeira mudança de endereço. Nos fins de 1960, uma decisão do Ministério da Aeronáutica proibiu todas as atividades extras e de civis em instalações militares, devido aos problemas pelos quais passava o Brasil (a proibição de atividades extras só foi cancelada em 1981, tendo como um dos principais responsáveis o escotista João Ângelo Belotto). O Santos Dumont, apesar de ter sido fundado por membros da Aeronáutica e ter vários filhos de oficiais e suboficiais como escoteiros, não escapou da regra (A proibição de atividades extras só foi cancelada em 1981, tendo como um dos principais responsáveis o escotista João Angelo Belotto). E lá fomos nós para o Colégio Estadual do Paraná.
Desde àquela época, cativar adultos para trabalhar em caráter voluntário pela educação dos jovens era um desafio. Uma carta do Padre Euvaldo, datada de 15 de dezembro de 1961, chama os pais para participarem de maneira mais efetiva para manter o Grupo vivo. O chamamento dá resultado, e em 1962 o grupo instala seu primeiro conselho executivo, sendo membros os senhores Hugo Benatti Junior, Luiz de França Lima e Walfrido Shirr. Esse foi talvez o primeiro renascimento dos muitos pelos quais o Santos Dumont passou.
O grupo se instalou debaixo da arquibancada da pista de atletismo do Colégio Estadual. E em fevereiro de 1962 lança o seu primeiro jornal, O Aeronáutico, sob a direção de Ayrton Franceschini. O jornal, feito em máquina de escrever, era distribuído aos escoteiros do grupo e possuía um programa de venda de assinaturas para arrecadar recursos. Segue-se uma sequência de anos de grandes atividades. Em 1962 ainda, o Grupo participa do VIII Acampamento Regional do Paraná. Em 1965, acontece o IX ARP. E no mesmo ano, o Grupo envia participantes para o 1º Jamboree Panamericano, realizado no Rio de Janeiro.
Em 1967, nova mudança de endereço. O Colégio Estadual requisita o uso do espaço onde o grupo estava instalado, e o Santos Dumont vai para uma nova sede, dessa vez no Serviço Social do Comércio (SESC), na rua José Loureiro, esquina com a Travessa da Lapa. A troca não abalou o espírito daqueles pioneiros naquele ano, mas tempos difíceis estavam por vir.
Depoimentos:
Documentos históricos: