Arthur Rocha Filho
“Minhas filhas e meu filho entraram no Grupo antes de mim. Em 1994, as meninas estudavam com uma sobrinha da escotista Luci Taffarel. E em uma festa de aniversário da turma, conheceram a Luci e a filha dela, a Iponá, que era escoteira. As duas foram convidadas para entrar no grupo e eu fiz a ficha de espera delas, pois não tinha vaga. Esperamos seis meses para a Fernanda e a Taís ingressarem na Alcateia Feminina e o Rafael na Tropa Escoteira. Todos seguiram até o Clã de Pioneiros, mas hoje (Nota do redator: dezembro de 2018) apenas o Rafael continua no grupo, como escotista assistente da Tropa Titan. Foi uma época muito boa, todos aproveitaram muito.
Desde o início eu comecei a me envolver com o Grupo, participando como pai de apoio e indo a várias reuniões informais que eram promovidas. Aos poucos, o Grupo foi virando uma extensão da minha casa e da minha família. Vários pais da época em que eu atuava apenas como apoio, devido à sua frequência e comprometimento com o Grupo, acabaram sendo convidados para ser escotistas. Eu aceitei e fui ser assistente da Tropa Escoteira Feminina em 1996. Fiquei ali até 98, quando então assumi a chefia da Tropa Sênior.
Acabei me tornando Diretor Presidente do Grupo em 1999, por indicação da diretoria que estava saindo. E, por necessidade, acumulei a diretoria do Grupo e a chefia da Sênior. Foi na minha gestão que o Grupo iniciou o processo de implantação das tropas mistas, ou seja, meninos e meninas juntos na mesma seção. Depois de sair da Diretoria, acabei assumindo diversas funções na Região do Paraná. Mas desde 2006 eu participo apenas como membro do Clube da Flor de Lis do GESD.
Eu lembro de muitas atividades, mas tem uma especial para mim. Deve ter sido em 2000. Fomos fazer um acampamento de sobrevivência com a Tropa Sênior Mista em Agudos do Sul. Fomos de ônibus de linha até a cidade e de lá os jovens fizeram uma jornada de 10 km até o local do acampamento. Já na primeira noite uma das guias, a Jolita, teve uma crise de cólica e eu tive que trazê-la de volta a Curitiba, enquanto a Tropa permaneceu organizando o acampamento de sobrevivência, acompanhada pelos outros escotistas. Na manhã seguinte retornei ao campo. Nesse segundo dia choveu. Os meninos, os que mais falavam que sabiam acampar, tiveram seus abrigos inundados. Os abrigos das meninas foram bem feitos e não sofreram com a chuva. Logo os meninos invadiram o espaço das meninas, o que ia contra o regulamento. Foi bronca pra todo lado! Os outros escotistas é que me convenceram a não ser tão duro. Na volta, a tropa fez corpo mole nos 10 km até a cidade, e acabamos perdendo o ônibus da manhã. O próximo sairia apenas às 20h. Para resolver a questão, fomos até a casa da Prefeita de Agudos do Sul pedir para ela emprestar o ônibus da Secretaria da Saúde para nós. Enfim, foi uma atividade muito legal.
Uma coisa que me marca muito é a maneira como o meu filho Rafael foi aceito. Isso porque ele tem Síndrome de Asperger, mas à época de seu ingresso no grupo não havia um diagnóstico disso, era algo muito raro. Sempre conversamos muito com os chefes e nunca houve um momento de discriminação por parte dos jovens. Para o Rafael, o Escotismo é sua vida. Ele ganhou muita autonomia graças ao que aprendeu no movimento. E minhas duas filhas também levam consigo e para suas vidas profissionais muito do que vivenciaram nas atividades escoteiras. É uma escola para a vida.
Eu continuo participando das atividades pois acredito que estou contribuindo na formação dos jovens. Vejo homens e mulheres que foram meus escoteiros como profissionais de sucesso, pais excelentes. São pessoas que hoje trazem seus filhos para serem escoteiros e eventualmente serem chefes também, isso dá muito orgulho. Continuo mantendo contato contato com muitos deles.”