João Ângelo Belotto

João Angelo Belotto

João Belotto (quarto da direita para a esquerda), quando escoteiro, observa uma explicação sobre aerodinâmica.

“Eu era amigo de dois membros do Grupo, os irmãos Ivan e Wilton Küster. As conversas para abrir um Grupo Escoteiro lá onde hoje é o Cindacta II começaram em 57, mas as primeiras reuniões efetivas aconteceram em 1958. O Capitão Capelão Padre Euvaldo de Andrade foi o responsável pela formação do Grupo e seu primeiro chefe. Eu até hoje não sei porque não entrei desde o início, eu via os escoteiros passando na frente da minha casa uniformizados e tinha curiosidade em saber o que era, eu não conhecia o Escotismo. Só depois de um bom tempo eu descobri que meu pai havia sido presidente de um Grupo Escoteiro em Joaçaba (SC).

Acabei entrando no ano seguinte e fiz minha promessa no fim de 1959. O escotismo me proporcionou o que eu buscava: aventuras junto com meus amigos. Era muito bom acampar, fazer excursões, jornadas, toda uma série de atividades. Eu participei de tudo o que pude entre os anos de 60 e 69 e convidei muitos amigos para fazer parte do grupo. Um deles foi o Elson Magalhães, que veio para o Santos Dumont em 1966. Por essa época, mesmo menor de idade, eu já era chefe Sênior.

Em 1969, o grupo estava mal. Na prática, já havia um declínio desde 1967, quando nossa sede era no SESC da José Loureiro. Durante o ano de 1968 eu estava afastado pois estava cumprindo o serviço militar obrigatório na brigada de paraquedistas. Em 1969, retornei ao Grupo e fizemos uma reunião com quem tinha sobrado. Havia apenas dois chefes, eu e o Sérgio Garret como chefe de Grupo, e 12 jovens. Montamos então a Patrulha Esperança, o grupo que ficaria responsável por fazer o Grupo renascer. Fizemos um acampamento no bairro São Brás e nesse acampamento definimos um plano de ação para isso. E foram os jovens que colocaram o plano para funcionar. Os pais, àquela época, participavam pouco da vida do grupo. Se por um lado tínhamos mais liberdade nas atividades, por outro tínhamos pouco apoio.

O Santos Dumont, graças ao esforço daquelas pessoas, voltou a crescer. Nem as constantes mudanças de sede daquela época fizeram o grupo desaparecer. Eu acabei me afastando um tempo do grupo por motivos de trabalho, mas retornei à chefia sênior quando o Grupo estava na Sociedade Thalia. E um tempo depois eu acabei me tornando Comissário Distrital do 2º Distrito. Naquele tempo, quem assumia um cargo de distrital para cima tinha que sair do Grupo, e foi o que fiz. Acabei assumindo vários cargos tanto na Região como em nível nacional, e durante um bom tempo, fui Comissário Nacional do Escotismo do Ar. Também fui fundador do Grupo Escoteiro Thalia, em 1986.

O Escotismo para mim e para minha família foi muito bom, meus filhos foram escoteiros também. Conheci pessoas fantásticas no movimento, muitos deles meus amigos até hoje. Muitos ex-escoteiros meus, quando me encontram, ainda me chamam de chefe Belotto. Fui convidado para inúmeras formaturas deles. Esse é o salário do chefe escoteiro, ver seus jovens se tornarem pessoas de bem, cidadãos de destaque em suas carreiras. E, claro, dá um orgulho ver o Santos Dumont como está hoje, um grupo de referência no Brasil.”